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Sabia que as respostas de acolhimento funcionam 24 horas/dia e 365 dias/ano e têm trabalhadores/as a trabalhar por turnos rotativos?

30-08-2024 09:12



Nas Organizações Sociais são várias as tipologias de resposta de acolhimento, sejam estas destinadas a pessoas idosas, a crianças, a pessoas em situação de vulnerabilidade social ou a vítimas de violência doméstica. E neste sentido constituem-se serviços com funcionamento ininterrupto.
Do ponto de vista da organização do trabalho e dos recursos humanos torna-se num desafio acrescido, principalmente pela necessidade de assegurar o trabalho 24h/dia e ao fim de semana tendo a organização que recorrer, invariavelmente, à organização dos tempos de trabalho por turnos rotativos.

A gestão do trabalho por turnos rotativos e a elaboração das escalas de trabalho é um enorme desafio para a entidade, principalmente nos habituais períodos de férias. Tendo em conta as suas especificidades, esta forma de organização do trabalho apresenta vantagens e desvantagens, quer para a entidade quer para o/a trabalhador/a.

A literatura científica evidencia um consenso unânime na importância do equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, nomeadamente ao nível do bem-estar, bem como na produtividade dos trabalhadores. O equilíbrio trabalho-vida pessoal é mais um desafio que surge na organização do trabalho por turnos.

TRABALHO POR TURNOS ROTATIVOS
«O trabalho por turnos está a aumentar na sociedade moderna, pois é uma forma de organização do trabalho que permite realizar atividades ininterruptas (Costa, 1997; Williams, 2008; Martins et al., 2018; Costa & Silva, 2019). (...) Na mesma linha de pensamento, Silva et al. (2017) concordam que com a evolução das sociedades e a ocorrência constante de mudanças económicas (globalização), tecnológicas (disseminação de informação) e/ou sociais (mudanças nos estilos de vida e aspirações de carreira), o trabalho passou por mudanças em todo o mundo, incluindo o desenvolvimento de horários de trabalho não padronizados. Este prolongamento de horários pode ser movido por diversas razões associadas à necessidade de assegurar a disponibilização de certos serviços (...), ou aumentar a capacidade produtiva e/ou redução significativa dos custos associados ao investimento realizado com equipamentos. (...)

Não existe um esquema temporal ótimo, ou seja, cada esquema ostenta vantagens e desafios do ponto de vista orgânico, psicológico ou social (Knauth, 1993; Costa, 2003). Posto isto, é notório que cada trabalhador possui individualidades na forma como encara o trabalho por turnos, por diversos fatores que vão desde as condições da sua saúde, o estado de alerta, as atividades onde se insere nas horas fora do trabalho até aos seus ritmos biológicos (Dall’Ora et al., 2016). (...)

A ambiguidade desta forma de organização do trabalho, que é o trabalho por turnos, tem sido alvo de interesse por diversos teóricos. São vários os autores (...) que conferem ao trabalho por turnos uma panóplia inegável de vantagens para o trabalhador e organização.(...)

No que concerne ao trabalhador, segundo a literatura (...) a maior vantagem encontrada na modalidade do trabalho por turnos é a compensação financeira que esta confere ao trabalhador, visto que este regime de trabalho se traduz num aumento da remuneração. Outra das principais vantagens reconhecidas ao trabalho por turnos, encontradas na teoria, diz respeito à possibilidade de os trabalhadores por turnos poderem aproveitar mais as horas diurnas, nomeadamente no acesso a serviços, algo que num horário dito “padrão” seriam mais difíceis de frequentar. (...) É possível constatar que o trabalho por turnos proporciona aos trabalhadores mais tempo para usufruírem de atividades de lazer, visto que os dias de folga são percecionados como uma oportunidade para os trabalhadores executarem outras atividades de interesse fora do contexto laboral. (...) Melhor gestão do tempo com as crianças, no caso de trabalhadores com filhos (...) e aumento da participação do pai na educação dos filhos (...).

Por outro lado, como em qualquer outra forma de organização de trabalho, também ao trabalho por turnos são conferidos alguns desafios (...)
Frequentemente, os trabalhadores por turnos negligenciam o descanso e o sono com o objetivo de estabelecerem a sua vida social, nomeadamente conviver com amigos ou familiares (Shen & Dicker, 2008; Wöhrmann et al., 2020). Tais perturbações e privações do sono, além de influenciarem na dessincronização dos ritmos circadianos e na síndrome do trabalho em regime de turnos pode, a longo prazo, desencadear perturbações persistentes e graves do sono, como fadiga crónica e síndromes como ansiedade e depressão crónicas (...)
No domínio familiar, incluindo os filhos e o cônjuge, é de destacar que a qualidade e a quantidade de tempo dedicado à família não são suficientes, nomeadamente por trabalharem em horas diferentes (...)

Adicionalmente, Williams (2008) refere que como o trabalho por turnos raramente se restringe aos dias da semana, torna-se desafiante para os pais encontrar creches nos fins de semana ou, até, planear atividades para os feriados e épocas festivas (...) Constrangimentos com a deslocação mais tardia, nomeadamente ao nível dos transportes públicos.(...) »

in O trabalho por turnos e o work-life balance: a conciliação é (im)possível? Um estudo exploratório no setor do retalho alimentar; Beatriz Conceição Fernandes dos Santos; Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, Politécnico do Porto

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O GAF - Gabinete de Atendimento à Família tem atualmente três estruturas de acolhimento que funcionam de forma ininterrupta. Uma estrutura para acolhimento de pessoas adultas em situação de vulnerabilidade social (com capacidade para 12 pessoas em regime de alojamento) e duas estruturas para acolhimento de mulheres e crianças vítimas de violência doméstica (com capacidade para 40 pessoas em acolhimento de emergência e 15 em acolhimento prolongado).




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